segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A história de um fotógrafo é a história de uma fotografia?

Há alguns anos obtive minha primeira câmera de 4.3 MP.
Desde então comecei a fotografar. Mas fotografar, para mim e para qualquer fotógrafo, tornou-se muito mais do que registrar imagens.
Bem cedo percebi que a mera "ação" de fotografar é oriunda da fusão entre o plástico e o mecânico (entidades desprovidas de alma e sensibilidade) de onde se erguem tabernáculos técnicos a serem explorados por seres modestamente constituídos de carne, sangue e emoções...e é exatamente a emoção, não o dedo, quem pressiona o botão da câmera.
Já ouvi dizerem que fotografar é eternizar um momento, uma realidade, um universo...que é uma concepção artística contemplativa...concordo. Mas a "arte" de fotografar é também, como toda arte, um meio pelo qual se contempla a si próprio. A si mesmo. São retângulos cheios de cores e tons onde repousam-se fragmentos das almas dos próprios fotógrafos.
Cada ângulo, cada enquadramento, a disposição da luz,  a escolha da imagem, do local, do equipamento...tudo isso remete quem observa uma fotografia à uma condição única: a de travar um "diálogo silencioso" consigo mesmo e com a alma de quem lhe proporcionou este diálogo.
"Por que esta distância? Por que você escolheu este momento?"
Divagações à parte, perdido nesta condição reflexiva, deparei-me com duas de minhas primeiras fotos obtidas com a velha 4.3MP.

 Nesta foto, eu utilizei um espelho. Ativei o macro da câmera e mudei o balanço da cor branca. Fui fotografando a àgua caindo do espelho até chegar a este resultado.

Fotografar flores e plantas me ajudou a perceber o que eu realmente gostaria de fazer a nível artístico. Flores e Plantas não são fotogênicas por causa de sua delicadeza e beleza apenas, mas também porque são "educadas". Estão sempre dispostas a posar e não ficam reclamando ou falando sem parar...

Decidi postá-las aqui pois marcam o momento em que decidi ser um fotógrafo. Viver de arte. Viver pela arte. E quem sabe alimentar este mundo faminto com um pouco de arte. Há quem diga que fotografar é "viagem". Estão corretos.   
Hoje, todas as vezes que olho para as primeiras fotos que fiz, viajo para mim mesmo em direção àqueles anos, àquela estrutura chamada Felipe Marques. Eu me observo emocionado, orgulhoso, radiante diante de minhas primeiras experiências fotográficas...a ingenuidade de um ser que finalmente encontrou um motivo para continuar acreditando na existência do talento e no desenvolvimento da criatividade.
Afinal, o espírito humano simplesmente dirige este veículo chamado "corpo" até os confins das fronteiras físicas. O resto do caminho percorreremos com nossas asas.

"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente." Henfil

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